segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Aos '12

Esses ano não vou fazer o balanço anual da vida que sempre faço. Não acho necessário. Tive minhas vitórias, meus fracassos, meus momentos "uhuuuuuuul" e meus momentos "fudeu" como todo mundo que lê aqui. Não vou fazer os planos pro ano que vem, também não acho necessário. Ou melhor, vou fazer os planos sim, mas vou guardar pra mim. Nada contra ok? Conforme o ano for passando irão ver meus sucessos e decepções em minhas crônicas... ou não. Tudo vai depender do meu gênio nada fácil de se compreender.

Não vou me alongar muito, pois como falei, não pretendo ficar falando do que acertei e errei no ano que se foi. Quero somente agradecer aos amigos que caíram de para-quedas na minha vida, os que entraram de fininho e ficaram e os que já estavam e vão permanecer muito mais tempo ainda! Poderia cantar várias músicas pra agradecer a todos por estarem ao meu lado. Valeu povo!

No entando uma música, que postei no meu facebook, deixo como dedicatória e presente (um dia explico com calma, mas eu gosto de presentear meus amigos com músicas que me tocam lá no fundo, complexo demais pra um parenteses, um dia eu explico com calma ;) pra todos os meus amigos!

Ivan Lins e Mauricio Manieri - Basta Ouvir Seu Coração

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O Natal

O rosto queimava. Postada à janela ouvia algum coral de igreja cantar "então é natal". Pensou com um fino sorriso na face que quase sobreviveu a um natal sem ouvir essa música. Pensamento ridiculo. Se sentia ridicula. A queimação no rosto se dava por conta das lágrimas que irrompiam os olhos, que lhe davam um tom melancolico. Por que não aceitou aquela garrafa de vinho de presente? Caíria tão bem uma bebida melancolica agora. Seria perfeito. Quem sabe a bebida lhe trouxesse a força necessária pra que fizesse o que muito adiava.

Tinha toda a cena na mente, teriam de recolher o que sobrasse dela com uma pá, depois jogar água de um caminhão pipa inteiro apenas pra limpar seu liquido vital da calçada, da rua... de quebra iria parar o trânsito. Muito embora não houvessem muitos carros passando na rua nessa tarde de natal. Quem não tinha ido pra praia estava na casa de parentes. Parentes. Parenteses. Parenteses "circulavam" as palavras. Parentes circulavam o que? Uns aos outros? Outra onda de lágrimas. Debruçou na janela. Oitavo andar. Vinte e seis. Dois mais seis oito. Nunca entendeu nada de numerologia, mas tinha uma certa paixão pelo número oito. Era sempre ele quem lhe dava conforto. O infinito. Pensava, em um dia, leva-lo consigo... mas soava tão cliche que sempre desistia da ideia.

Tudo era cliche. Ela, suas atitudes, até esse pensamento de se jogar. Queria drogas novas. Novas porcarias pra manter sua vida com algum - ainda que pífio - sentido. Será que ainda tinha algum doce? Açúcar podia ser uma boa... não. Deixa. Queria curtir essa melancolia, essa onda depressiva na sua plenitude. Sentir o vento quente que entrecortava os prédios ao redor. Não pularia, não tatuaria o infinito sobre a pele machucada anteriormente. Suspirou ouvindo o último acorde da música que viajava com o vento. Feliz natal, então.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

os 25

Vinte e cinco anos... quem diria? Dei por mim que tenho quarto de século... curioso é pensar que a Nana também achou isso quando fez seus vinte e cinco.

A verdade é que chegar nessa nova idade, nesse ano novo, me trouxe uma certa melancolia nostálgica, me peguei pensando no tanto de coisa que já fiz na vida e o tanto que estou prestes a fazer... nossa. Tanta coisa ainda pra realizar, não deixo de lamentar um pouco a quantidade de coisas que eu já poderia ter feito até aqui, mas... o que passou passou, já era. Não tem como voltar atrás.

Agradeço a todo mundo que veio comigo até aqui, a todos que vão continuar, que vão seguir, ainda que não presencialmente, no cara a cara, sei que trago bastante gente dentro do meu peito, bastante gente que me ajudou, me deu um ensinamento ao longo dessa caminhada até aqui, não vou dizer que só aprendi coisa boa... ao contrário, aprendi muita merda! Mas, adaptando uma frase de meu brother Gabriel, é fazendo merda que se aduba a vida! É... eu sei, foi uma bosta de comentário hahahaha!

Agradeço, também, à todos que me deram felicitações... muito obrigado povo :D

Encerro essa pequena "oração" com uma música e com um verso dela que vou levar como mantra:


De hoje em diante
Eu juro felicidade a mim
Na saúde, na saúde, juventude, na velhice
Vou pelos caminhos brandos
A minha proposta é boa, eu sei
De hoje em diante tudo se descomplicará
Com um nariz de palhaço
Rirei de tudo que me fazia chorar
Cercada de bons amigos me protegerei


Vanessa da Mata - Meu Aniversário

... e que os vinte e cinco sejam vinte e cinco vezes melhores do que foram os vinte e quatro!

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Décimo Oitavo Andar

Acordei, debrucei na janela
Décimo oitavo andar
O mundo pequenino olhei
Um instante, um suspirar
A constante ideia de defenestrar

Na xícara o café frio
Estomago vazio
Décimo oitavo andar
No calendario, abril
O distante, voar

Na TV, a caixa de embabacar,
Sempre o mesmo ardil
Décimo oitavo andar
No rádio, o mesmo vil
Raiva, rivotril...

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

SMS

Já na cama, aquele silêncio denunciava mais uma madrugada típica. Os fones de ouvido só estavam presos ao celular afim de evitar o barulho de cada SMS que chegava. Cada resposta. Cada nova palavra enviada - muito embora o som do "digitar" no aparelho fosse tão barulhento quanto a chegada de mensagem nova sem os fones - um pequeno mordiscar de lábio inferior. Sempre havia o receio de uma mensagem chegar pela metade, não chegar. Todo mundo reclamava que várias vezes as mensagens demoravam horas, dias pra chegarem aos destinatários. Com eles nunca havia acontecido isso, com eles até mesmo aquelas mensagens longas sempre chegavam com, no máximo, alguns segundos de atraso. E, cada atraso, o coração vinha na boca "o quê ela pensou?", "o quê ele pensou?". E nessa foram até o sono os derrubar, mas, não sem antes um "boa noite, dorme bem, te amo" dito de cada um dos lados.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

tablet

          A mão segurava a testa antes que a mesma pudesse cair, juntamente com o restante da cabeça, da posição de cansaço, de relativo stress, de estranha tranquilidade e de uma serenidade fina, tal qual aquela cerração que se forma alguns centimetros acima do chão. Queria que seus pensamentos fossem como ícones na tela de um tablet: que pudesse arrastar alguns pra um lado, outros pro outro lado, encolher a maioria, maximizar os de real importancia. Acabou sorrindo de canto com esse pensamento meio absurdo. Os olhos fechados eram pra ocultar - de si proprio - a dor de cabeça que sentia. Com algum esforço a "prendeu" em uma têmpora só, só a direita. Porém, conseguia deixa-la de um lado só, mas nunca faze-la evaporar e lhe deixar totalmente tranquilo. Sabia que essa tranquilidade logo chegaria, sabia que faltavam alguns detalhes não tão pequenos, mas, mesmo assim, conseguia aquietar o seu tão e sempre revolto coração. Faltavam pouco mais de um mês para o seu "ano novo particular". Só ele comemorava tal ano novo, afinal, só ele fazia aniversário naquele dia. Claro, deveriam haver outros mas, para si, aquela data que estava por vir era sua. Ainda que a odiasse, sabia do seu poder regenerador. Pelo visto ainda tinha uma boa quantidade de fé no futuro dentro de si. Que bom.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Marian


A noite era fria. Eu estava envolto naquela onda melancolica haviam semanas. Semanas e mais semanas que tudo o que eu via e escutava era a mesma coisa de sempre: aquela rotina estava me matando. Mas dependia dela. Precisava de algo para me manter longe daqueles desejos... Mas tudo aconteceu alheio ao meu controle. Não podia mais conviver com aquela rotina. Ao menos o acerto ao fim da "rotina" - emprego de quadrinista numa revista de grande circulação nacional - rendeu bastante.

Porém - maldito sejas tu, porém! - gastei boa parte do dinheiro em bebidas, festas... precisava de algo pra me reerguer. Fui a última festa, aproveitar enquanto tinha algum dinheiro. Quem sabe lá tivesse a ideia. Entrei como sempre, procurei alguem para dançar. Foi quando a vi... morena, uma roupa normal, um belo par de sandálias nos pés igualmente belos. A chamei para dançar, para beber alguma coisa. 

Falava bem, se movimentava bem. Quando ela estava bastante alcoolizada, a chamei para sairmos dali, afinal eu tinha planos bem mais interessantes... fomos ao meu apartamento. Transamos. Bebemos mais. Transamos novamente, foi quando vi uma luz diferenciada bater sobre o rosto dela. Marian era o nome dela. Peguei meu material de desenho e rabisquei suas curvas, seu rosto... mesmo dormindo parecia incrivelmente expressivo. Depois de alguns minutos lá estava ela, eternizada no papel.

Logo o dia amanheceria. Tinha desenhado diversas histórias com ela. Já tinha duas duzias de desenhos e a personagem se formou completa em minha cabeça. Tudo. Uma heroína. Uma caçadora de recompensas... era disso que eu precisava para voltar. Perfeito. Quando a escutei se mover notei: não era perfeito. Tinha de quebrar a forma. Outros poderiam usar a mesma forma e, assim, arrancar meus lucros. Mas como fazer? Ela sabia onde eu morava, conhecia meu rosto... como?

Foi quando me veio a ideia que me arrepiou, será que eu teria coragem de fazer isso? Peguei o celular dela. A julgar pelos numeros ela morava sozinha. Então poucos sentiriam a falta dela. Talvez "mamãe", "Tha" e "Jé" que estavam com muitas ligações recentes... será que ela era uma lésbica afim de algo diferente? Mais uma coisa interessante para se acrescentar à "minha" Marian. 

Era cruel mata-la enquanto dormia. Mas era necessário. Assim o fiz. Dei um beijo suave nos cabelos dela como forma de agradecimento pela inspiração. Respirei fundo e cobri o rosto dela com o travesseiro. Não contava com o fato dela acordar durante o processo. Nos filmes isso parecia tão fácil... mais uma aprendizado. Os braços dela tentavam, desesperadamente, tirar os meus dali. Mas, convenhamos, um homem é muito mais forte que uma mulher. Quando o movimento dela cessou respirei mais aliviado.

Agora outro problema: o que fazer com o corpo? Esperei esfriar. Cobri com uma velha cortina que eu guardei por anos a fio. Depois coloquei num saco preto, desses de lixo, e encaminhei-me à lixeira... mas não podia ser a do meu prédio. Peguei as chaves do carro e dirigi até o outro lado da cidade. Já era noite quando a joguei na lixeira. Agora era esperar o caminhão de lixo compactar e sumir com aquilo lá. Adormeci e só fui acordar com o proprio caminhão tirando a caçamba a deixando limpa. Ninguem notou o grande saco preto.

Dirigindo de volta para casa pensei na investigação: iriam a casa noturna que foi o último lugar que ela foi vista. E lá teriam imagens minhas. Ainda em posse do celular dela mandei uma mensagem às amigas "surgiu um imprevisto, tive de visitar a mamãe que sofreu um acidente, volto em 3 ou 4 dias". As duas responderam quase que instantaneamente com algo resumivel a um "ok". Sorri satisfeito tirando o chip do aparelho e o jogando no rio em seguida. Quebrei o chip e joguei em um bueiro.

Quando era dia passei em frente da casa noturna. Estava fechada. Comprei um galão de óleo disel. Joguei na porta da casa noturna, o incendio estava iniciado calmamente. Voltei ao meu apartamento, recolhi os desenhos, minhas roupas e liguei para o senhorio. Disse que estava de saída por problemas familiares. Entreguei a chave na portaria e saí. Dirigi até uma velha cabana em que meus pais viveram os últimos dias. Desenhei toda a série de Marian em meio àquela paz toda. Depois de um ano a publiquei, ganhei milhões com a história... obrigado, Marian. 

domingo, 23 de setembro de 2012

Homem Bagre - O inicio

Era uma sexta-feira, não era a sexta-feira 13 que todos temiam, nem ao menos havia uma lua cheia no céu que justificasse o ar sombrio. Ocorre que, durante as madrugadas, uma fina neblina se levantava do rio e cobria a parte mais baixa da cidade, quem olhasse das partes mais altas e não soubesse que ali haviam algumas casas, comércios e ruas dificilmente diria existir algo ali embaixo. Ele tinha perdido o emprego, morava sozinho, vivia sozinho haviam anos e anos. O retorno pra casa aquela noite se deu lento, faltavam segundos para a meia noite quando parou no meio da ponte entre o centro de a Ilha de Valadares. Suspirou longamente. Quantos sentiriam sua falta? Talvez um ou outro. Talvez ninguem. Subiu ao parapeito da ponte, ninguem vinha de lado nenhum. O rio estava calmo, a cidade silenciosa. Pendeu o corpo pra frente e deixou-se cair naquele rio.

Abriu os olhos. O sol forçava passagem por entre as frestas da janela. Se ergueu olhando em volta. Estava em um lugar que nunca estivera. Tinha morrido? Será que essa era a sua versão do céu? Ou, quem sabe, do seu inferno? Ouviu uma porta ranger atrás de si.

- Então já acordou... como se sente? - Quem era aquele? Como ele ousava lhe dirigir a palavra? - Te fiz uma pergunta rapaz, não lhe ensinaram que é falta de educação não responder os mais velhos?

- Tem razão... - a educação que havia recebido de seus falecidos pais tinha sido esmerada - ... estou melhor, mas...

- Onde está? - O velho se antecipou. - Uma pequena ilha fora dos mapas.

- Como eu vim parar aqui?

- Digamos que... o mar foi gentil com você e lhe trouxe até aqui.

- O mar? Como assim? - cada vez que o homem falava o rapaz parecia mais e mais confuso. - Quem é o senhor?

O homem sorriu de canto. Meneou a cabeça lateralmente uma ou duas vezes, foi quando o inimaginavel atravessou a porta: uma especie de criatura humanoide cinza, com pele brilhante.

- Não vai acreditar de primeira, mas... - o homem fez uma pausa - ... eu fui escolhido para encontrar um substituto depois de 140 anos para ele...

- Ele quem?

- O homem bagre.

Dito isso o senhor se retirou deixando a criatura que, a retina do rapaz se acostumando com a luz, fez notar que era apenas um cabide com rodas e um motor pequeno, parecido com desses carrinhos de controle remoto. O rapaz tocou aquele tecido, sentiu vertigem, sede, fome, todos as sensações possiveis ao mesmo tempo e, não aguentando tal carga de sensações, desmaiou.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Há males

O cabelo curto não era opção, mas era o menor dos males depois de tudo que ocorreu nos últimos meses. As cirurgias, as sessões de quimioterapia, de radioterapia. Para Raquel a vida, realmente, começava aos 40. Na verdade aos 42, já que aos 40 ela praticamente acabou com a descoberta, em um exame de rotina, de um cancer em estágio avançado em seu ovário direito. Poderia ser tirado, porém haveriam sequelas, ela não poderia mais ter filhos. Já tinha um, Felipe, com 14 anos. Seu marido a apoiou o quanto conseguiu... mas a tensão daquele tratamento todo acabou com ele. Acabou com o casamento de 28 anos. Quase acabou com tudo. Algumas semanas depois do inicio das sessões o vistoso e longo cabelo encaracolado de Raquel começava a cair, num rompante ela pediu que raspassem tudo de uma vez. Melhor assim. O esparadrapo tirado de uma vez só doi menos. O tratamento durou dois longos anos. O marido se foi, o filho estava sempre perto. Algumas amigas se afastaram, outras deram a força que ela precisava para superar. Ao fim notou numa manha de sábado os cabelos voltando com força. Os primeiros cachos, as primeiras "molinhas" surgiam em todos os cantos do couro cabeludo. Estava, enfim, curada. Numa consulta de rotina conheceu o pai do seu filho mais novo, Rafael. Que agora tinha pouco menos de seis meses. Lembrou-se de uma frase de sua mãe enquanto caminhava pela rua e pensava em tudo que havia passado: Há males que vem para o bem.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Lembranças


As lembranças encrustradas naquelas paredes, naquele ambiente... quantos beijos haviam sido dados entre aquelas colunas? Quantas horas conversando as mesmas banalidades, as coisas sérias, discutindo onde morariam, os sonhos, os desejos, os medos... agora tudo estava abandonado. Alguns anos se passaram desde os dias que estiveram ali, o prédio - seu antigo colégio - agora estava praticamente abandonado. Diziam que seria demolido para construção de uma escola mais moderna. Crueldade. Deviam haver leis que proibissem locais com lembranças de serem demolidos. Claro que as lembranças não seriam apagadas, mas... ainda assim era cruel. Pensou em protestar, se acorrentar nas colunas com uma placa ao pescoço "salvem minhas lembranças!", faria greve de fome, passaria dias e dias sem comer afim de chocar e comover a opinião pública, atrair a imprensa, fazer um alvoroço jamais visto! Tudo para preservar as suas lembranças! Muito provavelmente outras pessoas, recordando de suas lembranças se uniriam a causa, se acorrentariam, fariam abaixos-assinados, protestos, interditariam ruas, campanhas em redes sociais... não. Espere. Sorriu batendo na propria testa. Como era tolo. As lembranças vão estar sempre em um lugar que nao pode ser demolido, que não pode ter outro prédio construído... as lembranças, aquelas que marcaram, aquelas que são para sempre, vão estar onde nada nem ninguem vai tirar. Elas vão estar sempre no coração.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Estante


Do sofá observava os livros na estante. Quais já teria lido? Praticamente todos do seu interesse. Muitos não havia comprado, havia recebido de herança ou roubado de alguem, ou, ainda, emprestado de alguem que nunca reclamou a devolução do mesmo. Se levantou, dedilhando com a ponta dos dedos as lombadas dos livros pensava em qual leria. Os que lhe interessavam já tinha lido. Fez o minimo movimento de olhos procurando alguma coisa... não sabia ao certo o que queria. Só sabia que queria algum livro para tira-lo dali, lhe levar para outra realidade, outro mundo, outra esfera, outra galáxia.

Não era fácil lutar contra os seus pensamentos, fossem eles quentes, frios ou mornos. Fossem eles doces, amargos, salgados... salgados, quentes... pensar naquelas palavras trazia mais lembranças do que podia suportar. Um livro, rápido. Poe. Sempre boa companhia. Não, hoje não. Livros juridicos, livretos curtos de poesia. A clássica enciclopédia - que não era a Barsa - postada ao canto da estante. Em frente dos livros algumas lembranças de viagens. Bahia. Praias... sempre os sorrisos lindos. Sempre aquela época alegre, aqueles sorrisos. Sempre eles. Onde estava o Poe mesmo? As tragedias dele eram o que precisava naquela noite. Puxou o livro da estante e saiu dali. Foi para o quarto. Cobertas. Luz do abajur. Livro. Ler. Viajar. Dormir.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Orelhão


Pensou em ligar. Do seu celular não podia, ela conhecia o número. Mas onde? Pensou em ir até em casa... não, precisava ligar agora, nesse instante, antes que as palavras voltassem todas para a sua garganta e voltassem a lhe sufocar. O quê diria? Na hora inventa. Não poderia ligar a cobrar - é muito deselegante -, no bolso haviam algumas moedas... vasculhou, vasculhou, inspecionou todo o conteúdo do bolso. Enfim acabou achando uma ficha. 

Tantos anos que não usava telefone público que havia esquecido que as fichas já não eram mais usadas há mais de uma década, aliás, duas. Caminhou até um posto de combustíveis, comprou um cartão telefônico, sem desenho, apenas uma propaganda da operadora, que triste. Não haviam mais aqueles motivos de antigamente, carros, prédios, datas históricas... o mundo não tinha mais tanta coisa lírica. Suspirou colocando o cartão no dito orelhão. Checou o número na agenda do celular... discou. Estava chamando. A respiração se acelerou. "Alô?". Silêncio dele. Fechou os olhos. Sua razão disse, gritou "desligue". Mas o coração não deixou. Balbuciou um oi quando ela já dizia o terceiro "alô" e ameaçava desligar. Falou de uma nuvem que viu, da chuva que molhou aquelas plantas do jardim. Viu o número de unidades no cartão diminuir bruscamente. Parou. Ouviu a respiração dela. Ela ouviu a respiração dele. "Se cuida" ele disse. "Você também" ela respondeu. Diriam mais palavras, mas as unidades do cartão acabaram. Decididamente o mundo moderno não tolera romance, as unidades acabam antes da palavra que ele queria ter dito, mesmo que dolorosamente, ele queria ter dito, agora não teria mais coragem de ligar. Não tão cedo. E aquela palavra ficaria pairando no ar. 

Recolocou o fone no gancho. Tirou o cartão e enfunou na carteira, ao lado de uma nota de vinte reais surrada, os documentos e dois cartões de visita - tinha cortado, literalmente, o cartão de crédito - de algum corretor de imóveis, hotel, loja, vendedor... nem lembrava mais de onde tinha aquilo. O orelhão tocou uma. Coração na boca. O visor mostrava "retire o cartão". Ainda não era aquela vez que diria o tão doloroso, aquela palavra que lhe doía apenas em pensar que existia. Começou a caminhar rápido aos primeiros pingos de chuva.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

As Chaves



Havia deixado as chaves sobre a mesa, aquele chaveiro de bola de bilhar que havia comprado numa feira, anos atrás, demonstrava sinal de tempo e uso constante. As três chaves - portão e portas internas - postadas, abertas como um leque. Não, aquele modo não havia sido proposital. Havia colocado segundos antes de seguir na direção da porta. Demorou, tomou um gole de água frente daquele bebedouro. Tantas vezes bebericou ali depois de noites ardentes. Tantas vezes refrescou o corpo depois de um dia cansativo naquela "bica" e agora estava indo. As chaves estavam sobre a mesa. Respirou fundo e tomou a rua ainda incerto de estar fazendo a coisa certa.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Fechar de Cortinas

Findou-se a peça, as cortinas se fecharam sob os primeiros aplausos da platéia, que, atônita não sabia como se expressar após aqueles mais de vinte atos. Uma peça longa é verdade. Mas ainda assim capaz de arrancar aplausos do público. O ator recuou alguns passos deixando que a cortina e as luzes apagassem. Daqui alguns poucos segundos a cortina voltaria a abrir pro ator agradecer a todos por aquele reconhecimento, por aquele singelo ato de bater a palma de uma mão na outra.

Quando as cortinas abrissem novamente ele daria não mais que quatro passos a frente e se inclinaria, agradecendo, mais uma vez, aquela salva de palmas. As cortinas abriram. O público ainda o aplaudia, agora em pé. Sorriu e fez conforme planejou, os passos, o inclinar... tudo. Ficou alguns segundos agradecendo, deu os mesmos quatro passos, agora para trás e as cortinas novamente se fecharam. As palmas, agora cessavam aos poucos, já podia ouvir as pessoas saindo, lentamente, do teatro. As cortinas fechadas, teatro vazio, as luzes sendo apagadas. Era o fim da peça. Era o fim.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Suspiro

Suspirou ao abrir os olhos. Franziu um pouco a testa ao ver a fresta na cortina do quarto - havia deixado propositalmente ela para as noites não serem tão escuras -, queria dormir mais alguns minutos. Olhou o relógio. Proferiu um palavrão, programou o celular para despertar dali meia hora. Os compromissos que esperem. Não deu bom dia pra ninguem, nem pra si mesmo. Aquela meia volta no relógio passou rápido demais. Era quarta-feira. Ainda faltavam... vejamos... um, dois, três dias para o dia que poderia repor o sono que não conseguiu ter durante a semana. Faziam quase dois meses que não dormia direito. Como se ligasse para isso. De verdade, sempre "cagou" para a propria saúde. Tinha os efeitos agora: tomava remédio todos os dias de manha.

No banheiro viu sua cara de sempre. Pensou em socar o espelho por ser tão cretino e lhe mostrar aquela imagem de si proprio distorcida. Trincou os dentes com raiva de si mesmo. Suspirou novamente abrindo o armarinho e pegando sua escova. Havia outra escova ali. Antes de começar a escovar os dentes resolveu ligar o rádio. As emissoras de FM sempre tocando aquelas mesmas porcarias. Ligou o celular na USB do aparelho. O som de uma guitarra extremamente bem tocada preencheu todo o ambiente. Voltou ao banheiro. Agora sim. Escovou os dentes e voltou a se encarar no espelho. Se deu um tapa na face esquerda e outro na face direita. Guardou sua escova de dentes pegando aquela outra.

Fechou os olhos. Suspirou acelerando a respiração. Mentalmente contou de três até zero e arremessou a escova com cerdas um tanto quanto gastas, cabo rosa com detalhes em branco de alguma marca dessas mais baratas mas não tão ruins. Depois da higiente matinal e daquela "vitória" saiu do banheiro rumando para a cozinha. A guitarra habilidosa lhe fazia absorver como se fosse a energia daquele instante em que a gravação foi feita. Abriu a geladeira, pegou o leite - odiava leite quente -, do armário a xícara e o achcolatado - odiava café, até mesmo o cheiro lhe provocava enjoo. Preparou tudo. Foi até a geladeira guardar o leite e achou a garrafa de vodka pela metade - nunca foi de beber até cair, não seria agora que caíria nessa besteira -, a pegou - ou seria? -, abriu - seria mesmo capaz disso? -, colocou o correspondende a menos de uma dose dentro da xícara com o achocolatado.

Devolveu a garrafa à geladeira. Mexeu tudo com o cabo da colher que havia usado para pegar o achocolatado. Bebeu tudo em um gole só. Por um instante se lembrou do aniversário de um amigo na época de escola onde haviam vários tipos de bebidas suavemente alcoolicas - batidas - e que era menor de idade naquele ano. Os avós do seu amigo nem ligavam para isso. Suspirou

ao colocar a xícara na pia já a enchendo completamente de água. Agora sim seu dia podia começar. Voltou ao quarto, olhou a cama bagunçada. Não havia necessidade de arrumar. Caminhou descalço até a sala, onde havia largado os sapatos na noite anterior, sentiu a sujeira do chão grudar na sola de seus pés. Na volta tinha de limpar essa casa. Olhou em volta. Olhou para as paredes - amarelas - e não pensou em nada. Achou estranho pensar em "nada, absolutamente nada". Acabou sorrindo de canto com isso. Foi até o rádio e o desligou retirando dali o celular já o colocando no bolso.

Ganhou a rua depois de trancar a porta da frente. Jogou as chaves no exato bolso oposto ao que havia colocado o celular - evitava que as chaves riscassem mais a já riscada tela do pequeno aparelho -, passou o portão. Na rua colocou os fones e buscou a mesma música que tocava no instante que desligou o aparelho dentro de casa. Suspirou praguejando, mentalmente, a empresa que fez o celular. Por que as listas não estavam perfeitamente organizadas? Proferiu um palavrão mentalmente. Enfim achou a música que procurava. Acelerou o passo.

Cumpriu suas atividades diarias. Já era fim de tarde. Já estava no caminho de casa quando pensou que não haviam motivos para ter pressa de chegar. Ninguem lhe esperava e os programas que gostava de fazer a noite - comer, tomar banho, jogar video game, caçar algum programa interessante na televisão - não tinham horario para iniciar - porém tinham para acabar. Se

lembrou. Havia um motivo para o passo rápido: tinha de fazer faxina na casa. Ótimo. Um objetivo. Entrou em casa já jogando a pasta de trabalho para um lado, reconectando o celular ao rádio e dando inicio à limpeza. Ao fim dela, viu a casa limpa. Sorriu satisfeito e suspirou, agora cansado. Fez o habitué e o dia acabou, foi até a cama e dormiu como a muito tempo gostaria de dormir. Tranquilo.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Não pare de lutar!


Primeiro me perdoem os outros que provavelmente não vão entender a postagem de hoje, os que não vão gostar do tom... já aviso de cara: é uma postagem dedicada ao "meu" Corinthians. Portanto se não gosta do time, da torcida, de ambos... sugiro que não leia.



Não é pra desmerecer os outros times, mas o título da Libertadores, a forma como foi noticiado, a forma como foi o jogo, como foi a "peleja"... é diferente. O jogo, se olhar friamente, foi dominado pelo Corinthians e o time do Boca não era sombra do bicho-papão que já foi alguns anos atrás. Esse escritor-cronista é corinthiano, bate no peito com orgulho, saiu berrar ontem, meia noite e tanto o clássico "vai Corinthians". Não teve vergonha nenhuma em colocar a bandeira na janela, sair com a camisa do time. 

É mais que um título, é mais que uma vitória... dificilmente eu vou conseguir explicar exatamente o misto de sensações e sentimentos que sinto ainda agora, quase vinte e quatro horas depois do jogo. Eu sempre fui relativamente bom pra me expressar, pra dizer o que eu sentia, sempre fui bom em falar de sentimentos, escrever, descrever sentimentos... mas quando é pra falar do Corinthians eu não consigo, a boca enche de palavras, os olhos marejam, a emoção vai nas alturas... é como disse a rainha do basquete Hortência "Se você não é Corinthiano eu não vou conseguir te explicar o quê é ser Corinthians... agora se você é corinthiano eu não preciso explicar o quê é ser Corinthians, você já sabe."

Falar na vitória é fácil devem pensar alguns criticos... pois bem, corinthiano de verdade, teria saído com a camisa do time mesmo na derrota. Ou alguem esqueceu da queda para a série B do brasileiro em 2007? Nos 22 anos da fila sem títulos a torcida cresceu. E daí que levou 102 anos pra conquistar a Libertadores? As outras torcidas não entendem... como já dizia o samba-enredo da Gaviões da Fiel de 2010: que bobos, ai que bobos! Se não for sofrido, se não for com um lance chorado, se não for com um gol como daquele menino Romarinho, se não fosse pela catimba do Emerson, se não fosse pelo bico do Basílio em 77, se não fosse por tantos outros que, parece que fizeram de propósito, fizeram ser tudo chorado, todas as vitórias sofridas... assim é a vida, assim é o Corinthians. Muitos times tem uma torcida, no Corinthians a torcida tem um time. O que vai ser daqui pra frente? Boa pergunta... tanto eu, quanto a nação Corinthiana, quanto o proprio Corinthians vão serguir seus rumos. Vão seguir em frente, vão continuar conquistando e encantando tudo... de forma sofrida, claro, porque aqui é Corinthians. Só sei de uma coisa: vou seguir apoiando e gritando a plenos pulmões: Vai Corinthians!

segunda-feira, 2 de julho de 2012

O Fim

Escrevi essa "crônica" pra um concurso, como tinha que ser inédito eu não postei quando escrevi, então agora, pra dar uma movimentada no blog, resolvi posta-la:




Era o fim. Tudo estava acabado, nada mais tinha sentido de ser, podia sair dali, deitar um pouco, ouvir alguma música - como sempre fazia - pra tentar não pensar nisso. Mas como? Pensou em ligar... não. De repente um dia que prometia tanto, que tinha um céu tão lindo, perdeu completamente a graça. Tudo havia ficado cinza, as promessas, os planos, as curas pras dores, tudo estava depositado nela. A vontade de correr, fugir, voltou com força. Mas não adiantaria correr, correr pra onde? Talvez o ideal fosse... não, não ousaria nem ao menos pensar naquela palavra novamente. Mas a agonia, a angústia por aquele termino tão brusco... estava decidido: saíria à rua e se atiraria na frente do primeiro ônibus que visse. Respirou fundo uma, duas, na terceira se trocou, se aprontou para sair pela última vez. Sua pulsação acelerada denunciava o nervosismo. Quando, no mais incrivel rompante, tudo voltou. A internet, outrora caída, voltou. A vida, voltou.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

inquietas sombras


O dia havia sido igualmente estranho. Todos os dias eram estavam ruins. Olhava para os céus e se perguntava onde havia errado, o que estava acontecendo? Olho para as proprias mãos. Elas pareciam diferentes. Dentro do ônibus, na rua, sentia como se estivesse num sonho... já havia lido sobre isso. Desvirtualização. Tanto "lutou" pra afastar a depressão e agora ela dava sinais que queria voltar. E voltar com força. No caminho de volta pra casa acabou parando na padaria. Pediu um chocolate quente. Foi quando a garoa virou tempestade. Foi quando o céu derramou tudo sobre ele.

Pagou e saiu. Parou na marquise espiando a chuva. Assim que ela deu uma brecha correu pra casa. Tudo estava frio. Deixou as chaves sobre a bancada, proxima da porta. Olhou o relógio. Ainda não era hora dela chegar. Pensou como era boa a presença dela... ao menos algo na sua vida estava - finalmente - tranquilo. Quando seus dias eram de tempestade ela estava lá para acalma-lo. Quando os dias dela eram tempestuosos, ele estava lá para acalma-la. Assim eram os dias. Quando olhou pela janela a chuva aumentou. Pensou se ela havia levado guarda-chuva... quando olhou pra dentro novamente viu o papel dobrado.

Leu. Releu. Leu de novo. Chegou ao ponto de ler três vezes ao mesmo tempo. Respirou fundo, afastou a folha, debruçou na mesa e chorou. Chorou tanto que começou a soluçar. Devia ligar, mandar SMS, sair correndo nessa chuva toda atrás dela. "Apenas estou dando a você, o tempo que não teve CORAGEM de me pedir." Essas linhas doeram. Doeram fundo. Fundo demais para que pudesse reagir. Foi até o quarto, abriu o guarda-roupas... as roupas dela não estavam ali. Caminhou a passos lentos de costas até a cama... se sentou e ficou ali, vendo o guarda-roupas vazio, iluminado apenas pelos raios que trespasavam as cortinas. 

Se lembrou de uma música de Renato Russo "mas é claro que o sol, vai voltar amanha..." cantarolou algumas vezes. Se lembrou de Fausto... "aí vindes outra vez inquietas sombras...?" Teve tantas lembranças de músicas, textos, cartas, crônicas... então por que todas elas ficavam abaixo da frase da carta dela? Co... ra... gem...? Balbuciou tocando os proprios lábios. De fato nunca foi muito corajoso... mas... isso? Não. Quis correr atrás. Algo lhe prendia ali. Quis sair correndo, qualquer lugar (mas sabia onde ia parar, na porta dela). Quis tanta coisa e tanta coisa conflitante entre si que abriu a janela que tinha uma pequena sacada, a chuva não entraria, apenas o cheiro da chuva, o frio da chuva.

Perdeu completamente a noção do tempo que ficou ali. "Ela ta atrasada" pensou. Se lembrou que ela não viria hoje... digitou a mensagem no celular. Desligou antes de enviar. Quando a chuva dava sinais de que não persistiria viu algumas poucas estrelas brotando no céu. Foi quando voltou a respirar e viu que já era tarde, que estava ali a muito mais tempo do que, realmente, se lembrava... foi quando deixou o ar sair em meio a mais uma enchurrada de lágrimas. 

Sabia que ela estava na mesma posição, que ela estava - muito provavelmente - com um, maldito, cigarro entre os dedos, mas sem traga-lo. Estava apenas aceso, queimando sozinho entre os dedos dela... Ele, com os olhos vermelhos e quase num último de suas forças, olhou para uma nuvem, certo de que ela ouviria aquelas palavras.

"Meu amor, me perdoa por estar assim... os dias tem sido extremamente ruins, mas eu, do alto do meu egoísmo, quis lhe poupar de mais um problema de minha cabeça confusa... eu mereço que não esteja aqui agora. Fiz por merecer. Sei que é dificil... mas, me perdoa por mais essa bobeira minha? Amanha de manha vou ao seu encontro, mesmo sem saber se devo eu vou... porque existem poucas certezas em minha vida e uma delas é que eu te amo... tanto e muito! Fica bem, dorme bem... te amo!"

Ao dizer isso se deixou escorrer até o chão, levado, novamente, pelas lágrimas que tentava conter. Era impossivel... como conter um rio? Como conter uma tempestade? Impossivel. Se deixou adormecer certo de que ela havia recebido a "mensagem". 

"eu... te... amo... dorme... bem... Mô..."

Balbuciou se aninhando no chão - nessa hora deu graças de ter um tapete grande no quarto - e puxou uma coberta qualquer do guarda-roupas escancarado e vazio.

domingo, 17 de junho de 2012

Domingo

Eu sempre gostei dos domingos, sempre era o dia mais parado da semana, almoço com familia, dormir o dia inteiro, não ter absolutamente nenhum compromisso... era o dia de ver futebol, algum filme meia boca na TV, jogar, conversar com alguns amigos, jogar conversa fora por horas e horas afio até o dia morrer no horizonte. Via de regra o domingo sempre foi o dia de beber um pouquinho, curtir, fazer tudo fora do horario como se fosse pra provocar a vida "ó, eu ainda sei fazer as coisas diferetes viu?!".

Mas esse domingo foi diferente. Sim. Eu acordei tarde, lavei a louça atrasado, almocei com a familia, bebi um pouco... mas mal vi o futebol, mal conversei com os amigos... dormi tanto a tarde que só acordei depois do por do sol. Abri a janela. Uma fresta apenas. Chovendo. Abri mais, gosto do cheiro de terra que sobe quando chove. Olhei pro céu e sorri. Você estava lá assim como do meu lado, pedindo espaço pra ver a chuva também.

Deixei o sorriso escorrer para o canto dos lábios. Suspirei de leve me perguntando até quando eu ficaria assim. Balancei as mãos acima da cabeça como se estivesse afugentando pássaros que estavam voando sobre minha mim. Mas na verdade afugentava os pensamentos ruins. Odeio admitir isso, mas eles sempre vinham no fim da tarde de domingo. Resquiscios da época da escola "droga, amanha já tem aula". Acabei sorrindo assim que os pensamentos se afastaram. Liguei uma música que estava cantarolando mais cedo "eu canto pra nós, que somos loucos, e um pouco pra nós, que somos loucos". A ouvi com os olhos rasos em lágrimas. Olhei o relógio. 19:30.

Todos os domingos eram sempre parecidos, apesar da minha provocação pra vida. Apesar da falta de algumas coisas que antes me eram importantes. Agora eram facultativas. Futebol eu via o resultado depos. Os amigos eu podia falar durante a semana. O domingo continuava sendo domingo, mas agora por outro motivo: era a véspera da segunda-feira.


p.s.: A música citada é Bandalheira - Azulado

segunda-feira, 11 de junho de 2012

terça-feira

Acordaram juntos como sempre. Ele, antes de abrir os olhos se certificou que precisava, realmente, acordar. Terça-feira né? Era preciso acordar e honrar os compromissos. Abriu os olhos sem mover mais absolutamente nada. Franziu a testa vendo uma fresta grande na cortina. Esqueceu de fecha-la completamente noite passada? Não lembrava direito. A noite passada tinha muitas lembranças boas, a maioria delas relativas a mulher deitada praticamente em seu peito. Aliás, duas ressalvas: não era a maioria das lembranças, eram todas as lembranças e não era uma mulher... era a sua mulher. Mas nenhuma lembrança da cortina. Sem virar o rosto olhou pro relógio. Estava quase na hora do despertador tocar... com agilidade se estigou e desligou o despertador sem acorda-la. Claro que precisavam acordar e ir trabalhar. Mas ele queria ser o despertador. E assim foi, dando um beijo suave nos cabelos dela "Mô... acorda... já ta quase na hora..." sussurrou.

Sentiu o corpo dela se franzir todo, tal como a testa dela fazendo uma caretinha. Sem muitos movimentos ela se expreguiçou ainda com a cabeça no peito dele e sem o olhar. Ritual diario: ela nunca o olhava diretamente nos primeiros segundos depois de acordada, algo como praguejar com o olhar o dia por tira-la dos seus sonhos. Embora já tenha sido pior, algum tempo atrás ela nem mesmo fazia qualquer menção à ele nas primeiras horas da manhã, por puro mau-humor matinal. Ele mudou ela assim como ele mudou ela. Mesmo na época que ainda não dormiam juntos todas as noites ambos diziam, ao acordar "bom dia" e "boa noite", mesmo que a cama estivesse vazia do outro lado ainda.

Depois de quase um minuto "expreguiçando as pupilas" ela, finalmente olhou pra ele com um sorriso fino "bom dia, Mô", ao que ele respondeu as mesmas palavras, não na mesma entonação, claro, mas na mesma sintonia. Sorriram com os lábios, com os olhos um para o outro. Deram um beijo suave. Ele levantou antes. Fez sua higiene matinal. Ele veio ao pé da porta do quarto "levanta daí preguicinha, que coisa" fazendo uma careta que estava inclassificavel - estava entre a bronca e a contemplação - e, ao vê-la colocar um pé fora da cama, sorriu satisfeito indo na direção da cozinha preparando um café da manha básico, pão, leite, café - pra ela - e achocolatado - pra ele.

Ela veio do banheiro com o cabelo já arrumado, praticamente pronta pra sair - ele ainda trajava o pijama da noite anterior -, e uma fina maquiagem no rosto. Os dialogos matinais foram os corriqueiros, sobre a noite anterior, sobre as noites seguintes, sobre o dia anterior, sobre os proximos dias, sobre a lua, sobre o sol, sobre as estrelas e o final de semana na chacará que haveriam de passar juntos qualquer dia. Terminaram o café com ele arrumando a cozinha rapidamente enquanto ela ia para o quarto terminar de se vestir. Quando ele terminou com a cozinha seguiu para o quarto afim de se arrumar também. Trocou de roupa, tomou uma ducha rápida, vestiu a primeira roupa que a mão alcançou dentro do armário. Ficou pronto alguns minutos antes dela. Fazia isso de proposito, só para poder reclamar "você demora muito pra se arrumar, como se precisasse disso pra ficar linda..." e ela respondia um "cala boca prê" e ambos acabavam rindo.

Enfim ela ficou pronta. Ele recolheu suas chaves, celular. Ela recolheu as chaves, o celular e o - maldito - cigarro sob a careta de repulsa dele. Ela sorriu de canto meio amarela "eu tô parando, não tô?!" ao que ele fez cara feia soltando um hunf qualquer concordando. Caminharam até a porta. Sairam, trancaram a porta. Chamaram o elevador. Agora que tinham se dado conta: estavam de mãos dadas. Iam trocar um beijo longo e apaixonado, não fosse a chegada do elevador. Ao pisar dentro do transporte, no entanto, o beijo apaixonado, enfim, se consumou. Durou pouco, é verdade, mas durou o suficiente pra atiçar a vontade de ambos pelo lábio um do outro. Afastaram as bocas quando sentiram o transporte vertical parar. Ficaram suavemente vermelhos ao ver o porteiro do prédio.

Caminharam de mãos dadas até a portaria, da portaria até a rua. A rua com o sol. Selaram os lábios por quase um minuto. Desejaram um ótimo dia um para o outro e se afastaram. Ele para a esquerda, ela para a direita. Ele tinha certeza de que aquele dia tinha algo especial. Só não conseguia se lembrar. Antes de virar a esquina olhou pra trás. Ela, ao mesmo tempo, fez igual. Sorriram e seguiram.

O dia se passou tranquilo. Calmo para os dois, cada qual em seu lado da cidade, sempre que podiam trocavam alguma mensagem de texto durante o dia, se falaram na hora do almoço. Porém tudo regulado, tudo com tempo certo. No fim da tarde lembrou que dia era. Dia dos namorados. Ela era e sempre haveria de ser sua namorada, independente de estarem casados agora. Ele se sentia igual ao dia que ela - sim ela - o pediu em namoro... Olhou o relógio. Caminhou apressado, queria chegar em casa, muito, antes dela.

Preparou um jantar caprichado, decidiu que era hora de abrir aquele vinho que tinham comprado na viagem ao Rio Grande do Sul... preparou a mesa, a casa toda. Desrosqueou a lâmpada da sala, queria um clima mais romantico., colocou a mesa no centro da sala, afastou o sofá, acendeu as velas e ficou só espiando pela janela. Pediu ao porteiro que desse um toque quando ela estivesse subindo. Quando terminou de cozinhar tomou um belo banho, passou aquele perfume que ela adorava e ouviu o interfone. Acendeu as velas da mesa, pegou a rosa que havia comprado de um menino no sinal. A porta destrancou. A luz do corredor iluminou parcialmente a sala. Pode ver no rosto dela um dia cansativo, um daqueles dias que só se quer chegar em casa e ir para a cama...

Ela entrou jogando as chaves na mesinha ao lado da porta. Ela tentou acender as luzes. Nada. Tentou de novo. De novo. Nada. Ao entrar mais um metro ela viu a luz das velas postadas na mesa e sorriu. "Feliz dia dos namorados, minha eterna namorada!" e entregou a rosa. Ela, nitidamente surpreendida não sabia onde colocava as mãos, o que dizer, os olhos marejados, os lábios tremulos... era o "sinal" que ele esperava. Era o que esperou para fazer o dia todo. Instantes antes dos lábios se unirem, balbuciaram ao mesmo tempo "te amo meu amor, muito e tanto" e selaram os lábios num beijo sem limites de tempo. Sem correrias do despertador, sem portas de elevador, sem horarios, sem absolutamente nada além deles dois que, agora, se tornavam um só.

sábado, 9 de junho de 2012

Uma vez no oeste

Entrou no saloon empurrando as duas portinholas ao mesmo tempo. O homem que tocava o piano parou. O jogo de cartas parou. O balconista parou. Todos com cara de poucos amigos, como quem fosse sacar a arma no próximo segundo. O recém-entrado parou dois passos mais adiante. Buscava um lugar para se sentar, as mesas - três, no total - todas ocupadas. Torceu a cara erguendo um pouco a aba do chapeu de feltro, tão preto quanto suas vestes. E tão suja de poeira quanto suas botas. Havia um banco vazio proximo do pianista, que a essa altura, vendo que o novato não tinha intenções de atirar voltara a tocar sua música animada. O balconista se preparava psicologicamente para atender. Só o jogo de cartas seguia pausado. Todos os quatro integrantes do jogo de cartas estavam com uma mão - a esquerda - segurando seu jogo e a direita sobre o coldre, pronto para atirar. O homem ergueu um pouco mais a aba do chapeu e caminhou saloon a dentro. Passou próximo do jogo de poker. Algumas notas de 20 dolares morriam na mesa e o jogo recomeçava. Se sentou fazendo um pequeno gesto de cabeça.

Podia ser mais um dia tranquilo. Podia atirar nos quatro da mesa, roubar o dinheiro da mesa. Podia encher a cara, adormecer com uma prostituta. Não seria má ideia. Pediu ao balconista o mais clássico dos drinks da região: o bom e velho cowboy. Whyski, sem gelo. Bebeu um sem respirar. Pediu o segundo. Deu um gole curto e virou-se para o pianista. Pediu alguma música animada. Hoje o dia prometia. Havia tido a noticia de que na cidade estava um dos maiores ladrões de banco da redondeza e, por sua cabeça, ofereciam 20 mil dolares. Nada mal. Enquanto sentia a vibração nas notas da música bebia o restante do drink. Passou a observar todos do saloon pelo grande espelho que ficava ao fundo do balcão. Seu alvo não estava ali. Mais uma pista fria. Mais uma noite curta. Mais uma saída ao amanhecer. Rumo a proxima cidade e a proxima pista. Rumo, ao seu destino.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

segunda-feira


Eu nunca tive nada contra ela. Na verdade pra mim sempre foi um dia tão comum quanto os outros da semana. Nos anos da escola ela era, inclusive, um dos dias mais brandos de matérias dificeis. O tempo que trabalhei ela era chata, sua chegada fazia desejar outra coisa... mas, no fundo, no fundo eu nunca tive muito contra ela. Na verdade até tenho certa simpatia por essa moça. Porém agora é tudo diferente...

Ela me tira de ti, me faz ficar longe, te faz ficar longe... deveria ser o melhor dia da semana, mas não é! O dia em que eu te reencontraria, o dia que te teria novamente após alguns dias distante... maldita segunda-feira! Ainda assim tão linda por saber que sim, você existe, e tão cinza que faz o céu chover, só pra alimentar meus suspiros. Sim, suspiros, lembro-me que disse certa vez "quando estiver chovendo não tenha medo dos pingos, são meus beijos pra ti" até hoje quando chove penso duas vezes em abrir o guarda-chuvas... claro que abro. Mas adoro pensar que são beijos teus me cobrindo. Ainda que a "maldita" segunda-feira te afaste de mim tão dolorosamente. Logo chega a noite e você volta... oba, quase terça!

sábado, 2 de junho de 2012

Esse Amor II

Acordou como sempre, sem abrir os olhos, não sentia-a embaixo de seu braço. Será que ela havia saído até a cozinha? Ficou se perguntando de que forma ela havia "escapado" daquela conchinha sem te-lo acordado. Lembrou que seu sono sempre foi pesado, sobretudo quando estava tranquilo, sereno com algo. Resolveu abrir os olhos. Ainda sentia o cheiro dela no travesseiro. Finalmente abri os olhos e vi, ainda com a vista meio embaçada, aquele papel. Não, não era um simples pedaço de papel. Era uma folha, uma carta, uma carta dela!

Olhou o relógio enquanto desdobrava o papel com zelo. Se sentou na cama afim de ler melhor. Leu, releu, leu novamente, conseguiu a façanha de ler duas vezes e ao mesmo tempo cada linha! Ao fim dela quase tinha decorado cada palavra, cada desenho das letras. Abraçou o papel tomando cuidado para não amassa-lo, olhou para cima - céu - e agradeceu a Deus por ter ela. Se deixou cair de volta na cama. Também tinha pensamentos do tipo que não merecia ela. Que não tinha nada de especial para merece-la. Mas, enquanto pensava, ouviu o "shiiiiiu" autoritário dela. Acabou rindo da forma como ouvia ela comentando em tudo. Imaginou-a como aquele diabinho no ombro do pica-pau. Ora era a diabinha e ora a anjinha. Fazia sentido. Ora a menina, ora a mulher.

Afastou um pouco o papel do peito e leu mais uma vez. Olhou o relógio. Pensnou em mandar um grande "foda-se" para todas suas ativididades... mas não podia. Teve um dia estressante, chato, cinza, tomou banho de chuva, enfrentou filas, ruas esburacadas, tantos problemas que, quando voltou para casa no final da tarde, tudo que queria era ter comprado um saco de areia pra socar até cansar. Ao entrar a casa estava quieta, meio fria. Colocou uma água para esquentar. Não comeria nada de elaborado, qualquer miojo-com-gosto-de-isopor estava bom. Caminhou até o quarto, tomou uma ducha rápida e colocou uma roupa quente. Voltou a cozinha, preparou o seu miojo.

Não se importou com prato, pegou um garfo e voltou pro quarto. Lembrou-se das palavras de sua mãe, que dizia que comer da panela fazia chover no casamento. Acabou rindo disso. Será? Ficou imaginando ela, com o vestido todo branco e a barra toda suja de lama. Ela ficaria uma fera, ainda mais se soubesse que ele tinha sido o culpado disso! Ele havia comido miojo na panela e por isso chovia! Injustiça!

Leu a carta novamente enquanto ligava o computador... desistiu no meio do caminho. Pegou o notebook, colocou na cama, se sentou usando a cabeceira de encosto e procurou entre os arquivos do HD um em especial. Procurava algum filme. Achou amizade colorida, pensou um instante... pensou que a história deles era a continuação. Podiam muito bem transformar a história deles na continuação. E o mais incrivel: eles tinham um lugar especial em cima de um prédio - o dela, a casa dele era no "chão" -, tinham feito tantas coisas e tinham tantas para fazer que lembrou de uma música dos Engenheiros que cantava "já vivi tanta coisa, e tantas tenho pra viver, tô no meio da estrada e nenhuma derrota vai me vencer".

Beijou o papel enquanto lia mais uma vez, o filme já estava começando. Puxou as cobertas. Pausou o filme relembrando que tinha que trancar as portas, apagar as luzes... nossa. Sem ela aqui ele ficava perdido. Até pensou em ligar pra ela. Pensou e ligou. "O número discado encontra-se desligado ou fora da área de cobertura...". Ela disse que isso aconteceria. No caminho de volta pro quarto praguejou o fato dela ir para um lugar tão longe de tudo. Mas... ao ver a carta, esqueceu de tudo. Se enfiou embaixo das cobertas pensando se ela tinha levado roupa pra frio. Levou. Colocou a carta ao seu lado, como se estivesse sentada e assistiram o filme até cair no sono.

domingo, 27 de maio de 2012

Dormir

A casa fica vazia sem você nela. Me debrucei na janela e suspirei. O relógio marcava três horas da manha. Eu devia dormir, mas resolvi ficar aqui olhando o céu, conversando com a Lua. Suspirei. Sempre entendi que, nos finais de semana, vai para o interior ver seus pais. Na verdade até um tempo atrás eu sentia falta, claro, mas não tanta quanto agora. Olho pro relógio, passou um minuto apenas. Chá de camomila? Chá de camomila. Botei a chaleira no fogo com pouca água. Precisava dormir. Dormir, segundo minha última psicologa era uma fuga da realidade, como se eu precisasse dormir pra fugir de algo que me afligia, porém, segundo ela, isso não resolvia, afinal os problemas continuavam. Não era a questão, se dormisse o tempo teria passado e o final de semana acabado.

O vapor começou a se desprender pelo bico da chaleira. Desliguei o fogão, coloquei o saquinho na xicará. Esperei alguns segundos e voltei pra janela. Voltei pra conversa contigo. Me peguei, me peguei no caminho até a janela, com um sorriso abobado na cara lembrando da ligação da tarde. Eu estava fazendo preguicinha no sofá. E aquela voz autoritária mandando eu lavar a louça. Lembrei do jantar. Tinha saído e comigo algo numa lanchonete qualquer, joguei no fliperama do shopping torcendo pro tempo passar o quanto antes. Deu pena dos garotos novos apanhando de um coroa de rabo de cavalo e mais de vinte anos na cara.

Quando voltei pra casa um fiapo de lua surgia no canto entre dois telhados. Uma minguante. Teu sorriso no céu... assim que entrei me debrucei na janela até o chá. Bebi um gole me sentindo aquecido. Pensei em dar uma volta pela rua. Ver o mar a noite. Preguicinha não deixou. Bebi o chá, fechei a janela, as portas e me enfiei embaixo das cobertas. Será que o final de semana me traria alguma surpresa? Tomara. Me agarrei no seu travesseiro e me deixei adormecer, não sem antes o "boa noite, Mô... nana direitinho, te amo".

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Divisor de Águas

Acordou sem abrir os olhos com a sensação e a lembrança do melhor sonho que já tinha tido. Franziu suavemente a testa e passou a ouvir uma respiração suave, calma, podia jurar que não era uma respiração, eram as ondas numa praia em um amanhecer de agosto - quando o mar se acalma, os ventos fracos fazem o mar parecer um lago de tão sereno - tamanha a paz que aquele som emanava. Abriu uma fresta de olho com a certeza de que tudo havia sido um sonho que, como já foi dito, foi o melhor da sua vida.

A pulsação se acelerou ao vê-la ali, deitada, aninhada em seu peito. Prendeu a respiração por não mais que um segundo afim de acalmar o coração que batia descompassado. Os batimentos se acalmaram, embalados por aquela calmaria. Agora os primeiros movimentos dos musculos: um sorriso se fez. Mordiscou o proprio lábio inferior analisando cada minimo fio de cabelo dela em seu peito, pareciam colocados com uma pinça, um a um, tamanha a perfeição em que estavam dispostos. Virou o olho um instante pra janela, uma fresta de sol ousava romper a pesada janela. Pensou em duas coisas ao mesmo tempo, precisava de uma cortina maior, que cobrisse a janela inteira com sobras e como o sol era chato em amanhecer. Quem deu o direito dele amanhecer já? Uma corrida de olhos para o outro lado, o relógio na cabeceira da cama marcava dez e quinze da manha. Levou o olho à janela pedindo desculpa ao sol.

Pensou em todos os compromissos, tudo que tinha para fazer hoje... lembrou de ter visto ontem em algum jornal de fim de noite que o metrô estaria em greve. Ótima desculpa para não ter que falar pra ninguem o real motivo de compromissos atrasados. Não queria dividir aquilo com ninguem, apenas consigo mesmo e, claro, com ela. Que agora voltava a ganhar o olhar de extrema contemplação dele. Ela ameaçou acordar. Ele fechou os olhos deixando apenas uma frestinha, como se ainda fosse criança e fosse fingir à ela que ainda dormia. Ela apenas se aninhou mais no peito dele. Ele tornou a sorrir com o fixo pensamento de como amava aquela mulher e o quanto queria faze-la feliz. Ela, muito provavelmente fingindo dormir também sorriu e balbuciou, com a voz embargada de sono, "te amo". Ele, completamente perdido ainda ouviu o complemento "muito e tanto". Diz-se que uma lágrima rolou pela face dele. Sua busca chegou ao fim, sua vida passou a se dividir em antes e depois daquele momento... de ter encontrado ela. Ela encontrou ele que a abraçou mais forte. "também te amo" balbuciou com lhe dando um beijo nos cabelos "muito e tanto" e voltaram a dormir. Hoje o dia era deles, da preguicinha tão famosa deles. O mundo? Ah, ele que espere.

domingo, 6 de maio de 2012

Pequena Árvore

Pobre árvore, tão jovem e já trancafiada. Não, não, ela não matou ninguem, não cometeu nenhum crime. Muito pelo contrário: ela foi vitma de um crime terrivel! Diversas vezes lhe chutaram, lhe pisaram, "é só um mato" alguns disseram... coitada! Uma nobre árvore, que tem um futuro frondoso pela frente, que irá, quem sabe, produzir frutos, oferecer sombra no verão, morada para pássaros confundido com um mato, um capim! Não desmerecendo o capim, seu objetivo também é válido, porém ele tem uma tolerancia maior a "pisões".

Agora luta desesperada, em meio a uma calçada rasgada pelos anos sem conservação, uma rua de extremo movimento, de poluição diariamente, de lixo jogado em sua pequena ilha de terra - os espaços ao redor foram todos, habilmente, cimentados -, papeis de bala, tocos de cigarro, restos de construção... coitada da pequena árvore, obrigada a viver em meio a tantos seres que não entendem que ela precisa de espaço, precisa de um ambiente favorável, precisa de tanta coisa nesse primeiro momento e os humanos, lhe negam qualquer chance de sobrevivência!

Todos os humanos não, é verdade. Alguns humanos, temendo pela vida da pobre lhe aprisionaram. Não por seu mal, longe disso, esperam salva-la a todo custo. Esperam que, apesar da atitude da maioria, a árvore possa crescer, florescer, dar frutos, ninho para pássarinhos e, assim, ela propria se libertar do cárcere a que fora obrigada a viver e cobrir, em dias quentes, a cabeça, mesmo daqueles que a pisaram, chutaram... tudo pra mostrar que não guarda nenhum rancor.

domingo, 22 de abril de 2012

ponto

Se fechar os olhos, eu posso ver, quase posso tocar o que tenho aqui dentro, é como se fosse um campo inteiro branco, não há nada ao meu redor, só a imensidão branca, como se fosse um ambiente de sonho, ou uma sala acolchoada de sanatório... não, espera, ao longe, posso ver um ponto preto... antes que eu possa me aproximar esse ponto vira uma caixa, com certo esforço eu abro essa caixa e sinto dor, tenho ciencia de que dentro dessa caixa está tudo que me trava, todos os meus males... quando abro e olho dentro vejo apenas um espelho.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Cristal

Uma vez me disseram que confiança era como cristal, na época eu era meio burrinho mesmo (ora, sem falsa modéstia, todos já fomos pequenos burrinhos em algum momento da vida) e não compreendi a plenitude dessa comparação. Hoje, entendo.

A comparação com o cristal é justificavel... já quebraram um jarro de cristal? Talvez não... então uma vidraça, ah, isso aposto que todo mundo já quebrou, então... tentou colar de novo? Até da pra colar (em pouquissimos casos) mas sempre fica aquele "desenho" da trinca. E quando quebra em pedaços menores? Mais fácil/rápido/prático trocar o vidro de uma vez por todas, vidro quando quebra fica aqueles pedacinhos pequenos que parecem um farelo que quando se pisa doi pra caramba!

O mesmo vale pro cristal (que nada mais é do que vidro extremamente perfeito e limpo) e pra confiança que destino à alguem... ela é linda, perfeita, mas, o dia que quebrar, vai doer um pouco (assim como pisar em caco de vidro), porém... só lamento! Já era! c'est fini!

domingo, 25 de março de 2012

Tudo acaba

Tudo acaba um dia. Começo com essa verdade absoluta. Sim, absoluta, não se pode mudar isso. Não importa se é um seriado, uma novela, o sorvete de flocos ou um relacionamento. Tudo vai, inevitavelmente, acabar um dia. Não venham dizer que o tempo é eterno, pois nem o tempo é eterno e nem é constante. Constancia. Outra coisa que não é uma ciência exata, mas não vou falar dela, pelo menos não agora.

Acontece que esses dias em meu curso estudavamos sobre como vencer o tempo (ou, como disse o professor: a fome de Kronos) eu e a outra escritora da minha turma (no caso, a Camila, que tem seu blog linkado ao meu aqui do lado) chegamos a conclusão que pra vencer o tempo precisavamos produzir algo artistico... no final a maior conclusão é que a pessoa teria de se tornar praticamente um Deus no que faz. Mas, mesmo assim, um dia vai acabar, junto com tudo o que conhecemos.

E aí volto a frase que iniciou essa postagem, tudo acaba um dia. Se acaba pra se remodelar em outra coisa, se acaba pra evoluir ou se acaba simplesmente por acabar... só no fim se saberá.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Sentir

"Sentir" talvez seja a coisa mais complicada de se fazer quando se quer escrever algo, não sentir com os cinco sentidos, mas sentir por dentro. Essa é a coisa mais dificil e que impede esse blogueiro aspirante a escritor de postar mais vezes, eu sei o que sinto, eu sei como me sinto, mas na hora de passar pro "papel"... a coisa complica. São palavras que fogem (na hora que escrevi lembrei da Cecília Meireles com seu "palavras, ai palavras, que estranha a potência vossa!"), e acabam me deixando na mão justamente na hora que eu gostaria.

Muito provavelmente, porém, a falta de palavras só queiram dizer que o que sinto não tem explicação. Não existem palavras ainda para descrever - ou as palavras não maduraram - o que sinto. Sentir mesmo não é algo que dê pra explicar apenas com esse projeto de crônica ou um conto elaborado. Se quando você pega aquele livro que todo mundo está comentando e não achou tudo isso, sinal que você não sentiu o que o livro quis dizer. Assim é com essas "coisas" que posto aqui. Se não achou tão bem escrito, sinal que não sentiu o que quis dizer... o mesmo vale com coisas que leio por aí e acabo não comentando. Sinal que não senti o que o autor (ou autora) quis dizer. Não quer dizer que não gostei, longe disso, eu apenas não consegui me embrenhar na mente de quem escreveu.

Claro, há várias formas e níveis dos "sentires", mas isso é papo pra outro dia, quando eu estiver sentindo ideias melhores (sentir-me inspirado).

segunda-feira, 12 de março de 2012

chá

Madrugada insone e eis que surge uma "crônica-com-cara-de-carta-conto" escrita por mim e pela Jéssica ao som dessa música aqui.



Músicas lentas assim assim me lembram uma quinta feira de outono, uma xicará de chá, na janela olhando a lua e relembrando dos bons momentos que se viveu com alguem que foi embora. um olhar perdido no meio de um quintal encoberto por folhas secas de árvores que há muito deram seus frutos... somente em outra estação, com alguém que adoçava uma vida, e agora o chá é apenas uma tentativa frustrada de adoçar o que jamais deixará de ser amargo... pois ele partira.

E o chá esfriando até ficar completamente frio, perdeu seu objetivo inicial de me aquecer, perdeu o seu doce, pois minha cabeça anda completamente perdida, me esqueci do açúcar. Droga, desde a partida dele, eu fiquei mais perdida. Onde eu estava mesmo? Ah sim, em casa. E por que? Esperar a volta dele, claro. Algo no vento sussurrante em meus ouvidos, o mesmo que balança as folhas lá fora, me diz que ele não irá voltar. E pede a mim desculpas por te-lo arrancado de mim. Eu nada digo, queria açúcar no meu chá.

Suspirei dando um gole no chá. Intragavel. Gelado, sem açúcar. Que droga era essa? O quê aconteceu comigo? O vento sussurrava respostas, mas, ainda assim elas não me satisfaziam. Joguei o restante do chá fora. Melhor ficar só na companhia do vento e da Lua. Dei-me por vencida, agora era o sono quem chegava. "Sem você, tudo fica fora do lugar." Balbuciei e, por fim, calei.

Quando calei foi que ouvi o ranger no assoalho de madeira que havia na sala. Apurei o ouvido "mas o que...?". Será que era algum ladrão? Deixei a caneca postada à janela indo na direção do ranger do assoalho - inconsequência ir ao encontro do desconhecido em pleno escuro? Talvez - que agora se misturava ao som de passos. "Que... quem está aí?" falei com a voz embargada de medo. Foi quando a luz se acendeu. Cegueira temporaria. Sorri. Foi então que vi, com o mesmo sorriso e as flores nos braços de sempre, mas não era como sempre, era diferente agora. Ele havia voltado.

sábado, 10 de março de 2012

estrelas

Atravessei sem olhar para os dois lados da rua achando que essa rua era de mão única. Ao ouvir uma buzina tive a certeza que não era. Droga. Apressei o passo, queria chegar o quanto antes. O quê diria? Pediria pra entrar ou me sentaria no batente da porta esperando que ela, por mero fruto do acaso, abrisse a porta? Tantas dúvidas e apenas mais um quarteirão pra caminhar em passo acelerado. De longe o prédio dela se destacava, inteiro num tom salmão. O olhei inteiro diminuindo, levemente, o ritmo dos passos. No alto havia uma grande antena - ou seria um pára-raio? Nunca soube ao certo - que apontava para o céu azul escuro, pontilhado das primeiras estrelas da noite. O porteiro, ao me ver, sorriu já abrindo a porta. Me deu seu boa noite mais polido e já foi chamando o elevador. Aquele número congelado naquele visor vermelho. Alguem estava segurando o elevador no sétimo andar. Passaram-se dez segundos. "Deixa". Balbuciei ao porteiro já indo para a escadaria. Os primeiros andares subi saltando os degraus, mas, os
últimos dois foram me arrastando. Cheguei no andar do apartamento dela. Eu não tinha decidido se bateria ou me sentaria no batente. Droga. A porta dela era a única que tinha um tapete - que eu havia dado -, com desenho de borboletas, escrito "Bem Vindos". Sorri ao ver o tapete. Se escolhesse me sentar no batente não ficaria no chão frio. O tapete me serviria de... de... de tapete mesmo. Balancei a cabeça negativamente pros lados pensando que o tapete seria feito de tapete. Imaginei o tapete reclamando que ele só foi feito para ser pisado, não sentado. Que pensamento idiota. Credo. Assim que me aproximei a porta se abriu e todas as dúvidas evaporaram. Oitavo andar. Faz sentido ela morar tão alto. Afinal, as estrelas vivem no céu, não é? Meu sorriso cansado foi brindado pelo sorriso aconchegante dela, um passo para o lado e o "vem" me fez entrar. Não bati, não me sentei no batente. Não fiz o tapete se rebelar. Agora não havia mais nada entre mim e as estrelas. Não as do céu, aquelas brilham pouco, mas as estrelas no olhar dela.

domingo, 4 de março de 2012

o impossivel

Mais cedo, conversando com minha amiga de longuissima data Fê, fomos parar no assunto de namoro e tal, acontece que fomos parar na pergunta "qual o seu tipo de mulher?", falamos mais um pouco, eu (pra variar) cantei algumas músicas e citei uma frase de um filme (Velozes e Furiosos 4) em que o cara (no caso o Dominic Toretto (Vin Diesel)) fala qual o seu tipo de mulher, vou colar aqui:

"Tudo começa com os olhos, ela tem que ter o tipo de olho que vê mais que mera futilidade, vê o bem em alguem, 20% anjo e 80% demonio, com os pés no chão, uma mulher que não tenha medo de sujar as mãos com graxa de motor."

Porém ocorre que essa mulher é praticamente inexistente, aí fomos parar no tema que gostamos de pessoas impossiveis. Foi quando lembrei (lembrei pelo fato de estar ouvindo) a música dos Paralamas "o impossivel é meu mais antigo vício". Me peguei pensando nisso de impossivel, alguem me disse certa vez que achar que algo é impossivel é já ter uma desculpa pra não correr atrás. Mas não é assim. Eu sei que essa mulher existe em algum lugar e sei que escrevo muita bobagem, ando muito emotivo é verdade, mas é assim que sou. Quanto à existência dessa menina-mulher que tenha a maturidade para reconhecer os problemas que, realmente, valem a preocupação e que, mesmo assim, não perca a leveza no olhar e o sorriso, mesmo que fino, nos lábios ao fim de um dia ruim. Impossivel acha-la? Rá, vou seguir com minha fé de que um dia a encontro.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Amor Verde

Nessa madrugada eu estava especialmente suspirante quando me "deparei" com essa música aqui e, na janela do MSN da Jéssica (a qual tem um blog que pode ser acessado pelo link aqui do lado ~>) surgiu essa mini-crônica que resolvi postar, ela fala sobre o "Amor verde", ei-la:


É sabido que daquele fruto vai brotar o doce mais doce que existe, o friozinho na barriga mais gostoso que há de sentir, uma saciedade coracional... porém ainda não está maduro

É isso que fez todos os meus relacionamentos antigos não perdurarem... não teve aquela coisa do pequeno principe de um dia sentar cada um numa ponta do banco, conforme os dias fossem passando iam se aproximando, até que um dia um relaria a mão pela do outro e logo recolheria a mão com um sorriso bobo nos lábios.. no dia seguinte o reencontro "...se disseres que vem às 4 horas, desde as 3 começarei a ser feliz...", uma mão iria na outra, já sem tanto medo, sem tantos receios... mas ainda assim não passaria muito disso... até o dia que madurasse quando madurasse seria o fruto mais doce e mais saboroso pra ambos... mas aí já não seriam mais ambos, seriam um só, como sempre sonharam em ser.

E assim está sendo agora, logo o fruto amadurece, o amor amadurece e vamos sentir tudo que merecemos, que as dores do passado nos credenciou a senti, vamos viver esse amor na sua plenitude, na sua amplitude total (terminei no plural porque é dedicada rs)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Sonhadores

Lendo os meus Feeds da semana vi uma atualização de uma grande amiga, com uma postagem sobre os sonhadores (que pode ser lida na integra aqui), eu não gosto de citar outros autores, porque nesse blog eu decidi que seria autoral até o final, mas é impossivel não citar um trecho da postagem dela aqui:

"...
Tenho medo. O mundo não está preparado para os sonhadores... Sonhadores criam blog's, escrevem sem haver destinatário, sonham sem precisar dormir. Sonhadores vêem beleza onde não há, vêem diferente o que todos os outros vêem igual. Não têm medo de sonhar, mas temem por onde o mundo possa chegar. Sonhadores usam reticências, sonhadores são cautelosos, são audaciosos, são implícitos e explícitos, mas corajosos. Sonhadores arriscam. Sonhadores morrem todos os dias, às vezes, sem terem sido conhecidos. Sonhadores carregam em si um universo paralelo, rico, extenso, único, misterioso. Não-sonhadores nunca os entendem, e quando tentam fazê-lo, o fazem errado.
Sonhadores estão sempre a sonhar... Em qualquer hora, qualquer lugar.

..."

Sou assim, um eterno sonhador, mesmo que o mundo dê mais valor à quem realiza, à quem produz eu nunca quero deixar de ser um sonhador. Nunca quero deixar os sonhos morrerem em mim! Sonhadores, como diz o trecho ali em cima, morrem todos os dias, pessoas que realizam também. Porém os sonhadores tem o incrivel dom de renascer, refazer os sonhos, se erguer novamente e seguir sonhando. Claro, nem só de sonhos se vale o mundo... mas os sonhos são o combustivel para aquelas horas, de quando se está no meio da realização e vem a fatidica pergunta "será?", são os sonhos que nos dão energia e força para que não desistamos de seguir nesse caminho, sempre em frente!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

apontuado

Me ame sem pontuação, sem um final, sem letras maísculas no começo também, assim não da pra ter certeza se o amor nasceu ali, ou bem antes e essa frase foi só um fiapo tirado de um longo texto, uma longa epopéia.

te amo

Simples, assim.

domingo, 22 de janeiro de 2012

quis

Ontem eu estive em um balneário não muito longe daqui, tirei muitas fotos, vi muitos lugares legais... no caminho de volta pensei em lhe contar sobre a praia, sobre uma montanha que subi e vi o mar lá de cima, das sete ondinhas que pulei (ué, atrasado também vale né?) e te mostrar as fotos que tirei... vim decidido a passar por cima de tudo que aconteceu, mas... no instante que eu fui lhe chamar algo me segurou (o avatar na porra do perfil?) e me fez voltar e deixar quieto, deixar tudo como está, tudo em silêncio... infelizmente.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

2012 - Os Planos

Então estamos em 2012. Já devia ter escrito isso antes, mas igual ao ano passado, deixei pra escrever lá no meio de janeiro pra ter uma certeza mais certa do que eu realmente planejo pra esse ano!

Pois bem, como já fiz o balanço do ano que passou, vou me ater só ao que eu realmente quero em 2012. Na verdade eu não pensei, não fiz plano nenhum, tem coisas que eu quero nesse ano que eu quero realizar, desde que não envolva arriscar (muito) minha vida, claro! Sobreviver é importante apesar dos pesares. Renovo os votos de viajar. Quero viajar, amar, sentir, pulsar, viver, poder me perder e depois, sem muita explicação poder me reencontrar e perguntar à mim mesmo "e aí, como foi o passeio?". Tirando isso, mais algumas coisas que quero:

- Viajar: sei que já disse, mas é pra fixar na lista.
- Sentir: sentir não só sentimentos, mas sensações.
- Arriscar: desde que não arrisque (muito) minha pele.
- Realizar: talvez seja o mais dificil de tudo.

Fora isso eu tenho mais desejos, sonhos, coisas que quero realizar nesse ano, mas não vou ficar escrevendo aqui agora. Enfim, era isso! Não vou desejar feliz 2012 pra todos os leitores, pois é como vi numa tirinha no album do facebook da Cy, sei que é impossivel ficar feliz todos os 366 (ano bissexto), por isso desejo que todos nós sobrevivamos até o fim dele!