terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Sete

Esse post estou escrevendo com uma certa nostalgia estranha dentro de mim. Em parte porque ela representa o fim de um ciclo, mas não uma porta que se fecha e sim uma era que agregou muito no meu desenvolvimento como serzinho nessa grande bola de pedra achatada (sim, a Terra é levemente achatada nos pólos) que fica vagando no espaço preso pela atração/repulsão gravitacional dessa estrela de quinta grandeza (pois é...) que chamamos de Sol.


Esses dias estava voltando da terapia (sim, Lu faz terapia agora, vou falar mais ali pra frente) e estava relembrando um artigo que li vários anos atrás que dizia que a vida útil de uma célula é de uns 7 anos e que essa renovação é constante, porém com a idade, muitas células simplesmente não voltam a existir, há uma queda no número de células o que ocasiona o envelhecimento e, invariavelmente, a morte.


Mas o objetivo da postagem não é falar sobre morte e sim fazer um retrospecto em tom de agradecimento. Sei que ninguém reparava, mas nos meus textos/contos eu NUNCA escrevo números em forma de números e sim por extenso. Como uma pessoa mais de humanas que de exatas acho os números no meio do texto feio, estraga a beleza e atrai a leitura pra algo que não é pra ser lido antes do resto... alilás, esse foi um pequeno problema durante a faculdade, porque escrever número por extenso era tão natural que tinha que arrumar na revisão.


Bom, a verdade é que no ano de 2013 eu vim morar em Itajaí (SC) e estava meio sem rumo naquela época, tentei um trabalho só pra ganhar dinheiro mas não era a minha praia... eis que no final daquele ano eu passei no vestibular e no ano seguinte iniciei a faculdade de publicidade e propaganda. No mês de setembro de 2014 eu entrei no estágio e aprendi muita coisa. Assim como na faculdade acabei desenvolvendo novas "técnicas" e hoje a quantidade de softwares específicos que eu sei usar com propriedade me torna uma pessoa que tem um leque bom pra áreas da publicidade.


Falar na faculdade ela mereceria muito mais que um parágrafo. Muito além do conhecimento adquirido eu fiz amizades que vou levar comigo pra sempre. Não vou citar nomes porque não quero correr o risco de esquecer ninguém. Mas pessoas, vocês sabem que eu admiro, agradeço e desejo que nossa amizade continue por muitos anos a fio.


Acabei demorando um semestre a mais pra terminar a faculdade e um ano a mais pra me formar (N problemas que aconteceram cá dentro, não vou entrar em detalhes) e num dia de junho de 2019 eu me formei. Com beca e os caralho aquático. Foi legal pegar o canudo, uns dias depois receber o certificado... é uma sensação de que eu posso completar as coisas. Acho que fora o ensino regular esse foi o primeiro curso que eu começo e vou até o fim (teve um de WebDesign, mas acho que ele nem conta mais) e, por mais na fossa que eu estivesse naquela época (os N problemas, lembram?) eu senti que poderia ser o começo de uma coisa nova. E era. E foi. E ta seno.


No comecinho de 2020 as projeções eram as melhores possíveis: estava trabalhando na área que me formei... tá, eu tava fazendo umas coisas a mais do que eu imaginava, mas beleza, era um trampo. Show! SQN, veio corona e, enfim, acabei voltando à situação de desempregância o que acabou por trazer o retorno dumas inquietas sombras.


Só que não vou falar disso hoje. Supondo que a teoria de que as células se renovam a cada 7 anos eu posso dizer que, aqui em Itajaí, eu me renovei inteiro. Cheguei uma pessoa e saio outra, não vou dizer que cem por cento nova porque a essência segue a mesma, porém outras coisas... uau. Descobri coisas sobre mim que agora fazem tanto parte de mim quanto essa habilidade de escrever.


Falando em escrever um parenteses se faz necessário: Foi no ano de 2015 que eu terminei meu primeiro livro, Rupturas, depois foi quase um ano revisando e em 2019 eu registrei ele e meio que ta a venda. Digo meio porque eu "sentei em cima" dele. Minha terapeuta meio que diz que não posso fazer isso, que tenho que colocar ele pro mundo... mas... seilá. Não sinto que seja o momento. Alilás: foi nessa cidade que eu comecei várias outras personagens o que me permitiu ir além da Elisa. Janaína, Sophia, Letícia e seus devidos coadjuvantes... tem material pra mais uns livros aí, quem sabe um dia eles veem a luz da ribalta né? Parentese fechado.


Agora estou aqui pensando... já pausei a escrita duas vezes pra olhar pra parede no meu quarto semi-escuro (só com o brilho do monitor) e tentar me afastar de mim alguns instantes pra ver o quadro todo (algo meio impossível, afinal, eu estou "dentro" de mim, mas vamos por algo metafísico) e, seja por mitose ou meiose (formas que as células se reproduzem) eu digo que eu me renovei muito nesses 8 anos em Itajaí.


Como eu tinha prometido lá em cima, vou falar da terapia. Pois bem, com os auspícios do começo de 2020 eu resolvi ir atrás de algo que sempre quis fazer por conta própria. Comecei a fazer terapia e hoje sou aquela pessoa que toda reclamação da vida respondo com um "faça terapia", porque vale muito a pena! Não sei se o universo conspirou ou o quê aconteceu, mas minha terapeuta é uma das pessoas mais interessantes que já conheci. É cada tapão na cara durante as sessões que, tem dias, que saio completamente sem rumo... mas é aquele famoso se perder pra se encontrar. Não é nada raro eu ficar completamente perdido durante a sessão e, na volta pra casa, eu ter o momento Eureka. Tem sido muito importante sobretudo pra eu me encontrar e definir umas coisas cá dentro... o famoso meme: quem conhece sabe. Pela força do roxo huh.


Agora fui dar uma olhada lá no começo e dei uma de Machado (de Assis, um dos meus autores preferidos) e atei as duas pontas do texto, comecei falando que tive o vislumbre de algo biológico que tive voltando da terapia e no fim (ou perto dele) eu olho tudo isso, todo esse tempo e digo que, é, eu renovei todas as minhas células, não só as biológicas mas também as mentais. Daqui pra frente são outras jornadas, outras histórias, outros caminhos... não, o blog não vai acabar, longe de mim acabar com ele, no máximo eu vou fazer ele num WordPress da vida pra deixar mais bonitinho (o blogger é prático, mas convenhamos que é meio ultrapassado) e organizar melhor, separar o shoyo do trigo.


Enfim, é isso. Obrigado por tudo Itajaí. Certamente você tem um lugar imenso na minha biografia daqui em diante. Na data que essa postagem sair vou estar de partida pra uma jornada, que espero que seja, curta em outra cidade e dali pra frente... ah, dali pra frente eu não pensei (mentira, eu pensei sim). Mas agora de células novas vem aí os próximos 7 anos. 


Enfim, é isso², obrigado pessoas que entraram (e saíram) da minha vida nesses anos todos, agora é uma nova jornada que se inicia, um novo elo, um novo marcador no mapa dos lugares que já morei, um novo CEP e, mais importante, um novo eu. Tanto biológica, quanto emocionalmente.


Tinha pensado em alguma música pra encerrar... mas nenhuma cobriu tudo que eu queria expressar, então  vamos sem música (ou eu coloco depois), mas sigamos bailando!