sábado, 9 de junho de 2012

Uma vez no oeste

Entrou no saloon empurrando as duas portinholas ao mesmo tempo. O homem que tocava o piano parou. O jogo de cartas parou. O balconista parou. Todos com cara de poucos amigos, como quem fosse sacar a arma no próximo segundo. O recém-entrado parou dois passos mais adiante. Buscava um lugar para se sentar, as mesas - três, no total - todas ocupadas. Torceu a cara erguendo um pouco a aba do chapeu de feltro, tão preto quanto suas vestes. E tão suja de poeira quanto suas botas. Havia um banco vazio proximo do pianista, que a essa altura, vendo que o novato não tinha intenções de atirar voltara a tocar sua música animada. O balconista se preparava psicologicamente para atender. Só o jogo de cartas seguia pausado. Todos os quatro integrantes do jogo de cartas estavam com uma mão - a esquerda - segurando seu jogo e a direita sobre o coldre, pronto para atirar. O homem ergueu um pouco mais a aba do chapeu e caminhou saloon a dentro. Passou próximo do jogo de poker. Algumas notas de 20 dolares morriam na mesa e o jogo recomeçava. Se sentou fazendo um pequeno gesto de cabeça.

Podia ser mais um dia tranquilo. Podia atirar nos quatro da mesa, roubar o dinheiro da mesa. Podia encher a cara, adormecer com uma prostituta. Não seria má ideia. Pediu ao balconista o mais clássico dos drinks da região: o bom e velho cowboy. Whyski, sem gelo. Bebeu um sem respirar. Pediu o segundo. Deu um gole curto e virou-se para o pianista. Pediu alguma música animada. Hoje o dia prometia. Havia tido a noticia de que na cidade estava um dos maiores ladrões de banco da redondeza e, por sua cabeça, ofereciam 20 mil dolares. Nada mal. Enquanto sentia a vibração nas notas da música bebia o restante do drink. Passou a observar todos do saloon pelo grande espelho que ficava ao fundo do balcão. Seu alvo não estava ali. Mais uma pista fria. Mais uma noite curta. Mais uma saída ao amanhecer. Rumo a proxima cidade e a proxima pista. Rumo, ao seu destino.

2 comentários:

Jéssica disse...

Que capacidade é essa de transportar alguém pra tão distante... no oeste?!

Anônimo disse...

Faço as palavras da Jessica, minhas!