terça-feira, 7 de junho de 2016

Álibi e6s2: Estalo

O ultimato havia sido dado. Sophia resolveria suas pendências com Sérgio antes de seguir com sua lista. Por isso a invasão do apartamento, por isso a ameaça e por isso a dica de como, onde e quando ir. Claro que não ligava para o fato de, talvez, ele resolvesse vir com toda a tropa policial disponível naquele dia. Por isso havia se planejado e feito pequenas armadilhas que fariam o prédio ruir frente da primeira ameaça. Obviamente tratou de, além de minar o local todo, desenhar uma rota de fuga. 

Era incrível o que se podia aprender na internet, e nem havia se embrenhado pela famosa DeepWeb pra aprender a produzir uma bomba controlável pelo celular. E muito menos precisou traduzir árabe, as instruções estavam em espanhol. Tudo planejado, tudo desenhado na sua mente. Ela sabia que Sérgio tomou a invasão por pessoal e que ele viria sozinho. Repassou tudo mentalmente. Havia deixado o notebook no apartamento de propósito, assim ele poderia guarda-lo pra ela e, assim que as desavenças fossem dissipadas - seja com uma boa conversa ou com um cadáver -, ela passaria lá pegar. 

Tinha tanta confiança no seu plano que teve um pequeno arrepio ao checar os fios da última carga explosiva. Excesso de confiança era o primeiro passo para o fracasso. Algum filosofo havia dito isso, talvez Zun Tsu. Um pequeno pânico tomou conta dela logo dissipado pela falta de falhas na última checagem dos fios, das instalações. Será que esse galpão ruiria? Não sendo na cabeça dela tudo bem. Faltavam menos de cinco minutos para o horário planejado. Ouviu um carro estacionando do lado de fora. Logo a porta de um carro bateu. Antes de se dar conta ouviu passos. 

Sérgio. Estralou o pescoço, os dedos enquanto ele desviava das pilhas de carros roubados. Pena que nenhum desses carros eram inteiros, se não Sophia teria um transporte gratuito por algum tempo. Enfim ele apareceu. Parecia cansado, roupa amarrotada. O cabelo mais branco, mais magro. Tudo isso em menos de seis meses? Sophia sempre passou as camisas dele, sempre o fez comer coisas mais saudáveis. 

O tempo parou enquanto eles se encaravam. Um misto perfeito de saudade e raiva se mesclou nela. Gentil Sérgio deixou que ela falasse primeiro. Não houve história triste de abuso na infância ou algo do gênero. Sophia começou porque quis. E assim pretendia continuar. Quando ele começou a falar ela o ouviu pacientemente. Quando ele terminou de falar o impasse surgiu. Foi aí que um estalo surgiu.

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