segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Estante


Do sofá observava os livros na estante. Quais já teria lido? Praticamente todos do seu interesse. Muitos não havia comprado, havia recebido de herança ou roubado de alguem, ou, ainda, emprestado de alguem que nunca reclamou a devolução do mesmo. Se levantou, dedilhando com a ponta dos dedos as lombadas dos livros pensava em qual leria. Os que lhe interessavam já tinha lido. Fez o minimo movimento de olhos procurando alguma coisa... não sabia ao certo o que queria. Só sabia que queria algum livro para tira-lo dali, lhe levar para outra realidade, outro mundo, outra esfera, outra galáxia.

Não era fácil lutar contra os seus pensamentos, fossem eles quentes, frios ou mornos. Fossem eles doces, amargos, salgados... salgados, quentes... pensar naquelas palavras trazia mais lembranças do que podia suportar. Um livro, rápido. Poe. Sempre boa companhia. Não, hoje não. Livros juridicos, livretos curtos de poesia. A clássica enciclopédia - que não era a Barsa - postada ao canto da estante. Em frente dos livros algumas lembranças de viagens. Bahia. Praias... sempre os sorrisos lindos. Sempre aquela época alegre, aqueles sorrisos. Sempre eles. Onde estava o Poe mesmo? As tragedias dele eram o que precisava naquela noite. Puxou o livro da estante e saiu dali. Foi para o quarto. Cobertas. Luz do abajur. Livro. Ler. Viajar. Dormir.

Um comentário:

Jéssica disse...

Bela postagem, Lu! Um texto que realmente me fez querer ir pra um quarto com a luz do abajur ler e viajar! Tranquilidade deliciosa.