quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Busca Madruguenta

Apesar de ter vinte e sete anos eu sentia na pele raiva e frustração. Mais uma vez minha mãe não quis forçar meu pai a me apresentar meus irmãos. Meio irmãos na verdade, o pai era o mesmo mas a mãe era outra. E o mais foda nisso tudo era que morávamos em cidades vizinhas - porém na maior região metropolitana do país, vinte milhões de pessoas, o que tornava a busca um pouco cansativa e complicada. 

Depois de mais uma discussão que durou duas horas fiz o que fazia desde quando era criança: peguei minha moto e vazei dali antes de fazer alguma burrada. Claro que, quando era mais nova minha moto tinha apenas três rodas era fabricada pela Xalingo. Hoje era uma Hornet de seiscentas cilindradas. Uma psicóloga da escola - lá da época eu fugia com minha Caloi - dizia que eu fazia isso pra me distanciar dos problemas e, assim, de cabeça fria, os solucionar.

Por isso eu estava na rodovia duas e quarenta da manhã a cento e quarenta por hora. Queria fugir dos meus problemas. Eu, Alice, dona de minhas faculdades mentais, fugia dos problemas igual a quando era criança. Foi quando pensava nisso que ouvi um estrondo seguido de um cheiro de fumaça. Nessa parte da estrada não haviam casas ou algo do tipo. Obviamente diminuí a velocidade e vi sair de uma dessas estradas vicinais um carro em alta velocidade. Pude ver o modelo, a cor e veria a placa, se um calafrio não me corresse por toda a espinha. Deixei o carro se afastar, mas logo estava atrás dele, parada em um semáforo na entrada da cidade.

No volante uma moça, meio ruiva, meio loira. Agora que tinha reparado a câmera estava instalada na guidão da moto. Será que ela era minha irmã? Já pensou? As probabilidades disso ocorrer eram pífias e mesmo assim aproveitei que a câmera estava ali e filmei a placa e meio rosto de minha irmã. No final de semana iriamos pra uma cachoeira não muito longe daqui, passaríamos horas conversando e depois... o caminhão dos bombeiros passou na direção oposta me tirando do mar de pensamentos. Melhor ir pra casa.

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