quarta-feira, 7 de maio de 2014

Pérola Branca

Depois de alguns meses o Pérola Branca - um belo veleiro de casco grande e cabine com os luxos de um pequeno apartamento - sai do cais de NY. Sua capitã ruma sem um destino certo. A única certeza que tem é que quer sair sair dali, talvez pra sempre, talvez por uns meses. Queria conhecer o mundo. Tinha aprendido nos anos que já possuía o veleiro todas as formas de guia-lo mar adentro. Os estoques de comida e água haviam sido abastecidos na noite anterior à sua partida, calma e serena pelo rio Hudson com os primeiros raios da manhã e a calentadora brisa matinal.

Os poucos barcos que se atreviam sair naquela hora tinham como destino ou o golfo do México, Caribe ou ainda alguma ilha particular próxima. O Pérola era o único que saía daquela baía com um destino incerto. Fixado o timão sua hábil capitã foi ao convés, como se fosse se despedir daquela cidade que tanto a acolheu nos últimos tempos. Uma lágrima teimosa ousou sair e lhe escorrer pela face. Mas o vento frio vindo do mar e a névoa aos poucos engoliam a grande maçã atrás dela. Os tempos agora eram outros.

As coisas não tinham saído como ela havia planejado. Poxa, não tinha cometido nenhum de seus deslizes anteriores então porque não deu certo? Tantas dúvidas. Tanto tempo que passaria no mar afim de sepulta-las naquela imensidão de água. Era a hora de uma nova aventura. Dessa vez não era a ruiva que desaparecia ao amanhecer, dessa vez era morena, a quem a ruiva tanto se apegou nos últimos tempos e quem dividia uma parte vital - o fígado, que a ruiva dilacerou nos anos pelos bares mundo afora- quem optava por essa forma de superar as dores e as mágoas vividas. Aspirou grande quantidade de ar e virou, suavemente a embarcação para o sudeste. Velho continente. Primeira parada, Paris.

Nenhum comentário: