segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Os 36


Esse ano foi o ano que eu mais me protelei em escrever essa ode ao envelhecimento. Muito por causa da minha cabeça que não está tão responsiva como eu queria que estivesse, às vezes acho que a criatividade foi embora e me esqueceu aqui e... fazer o quê né.


Reli a ode do ano passado e do meu otimismo frente ao ano que se iniciava e devo dizer que, antes das festas de carnaval eu estava com todos os projetos que estavam para acontecer frustrados. Confesso que foi um baque, se fosse um ou outro projeto que falhou miseravelmente ok, eu poderia gerenciar mentalmente... mas eram meia dúzia de projetos que não viram a luz da ribalta. E olha que a maioria dos fracassos nem foi por minha culpa, a maioria eu fiz tudo "certo" e por motivos alheios à minha vontade não frutificou... Não vou ser otimista em achar que o próximo ano vai ser melhor porque, sinceramente, sinto que o que eu tinha de esperanças evaporou, esvaiu-se, foi embora sem nem uma carta de adeus, apenas saiu e aqui ficou tudo vazio.


Cada vez me sinto mais o Fernando Pessoa em Tabacaria (meu poema preferido em língua portuguesa) "crer em mim? Não, nem em nada.", a grande verdade é que não sei se deveria ter posto mais uma ficha na máquina. Não há dia que eu não pense que, talvez, não tenha sido a melhor decisão do ano que passou. Ou talvez tenha. Sinceramente não sei.


Agora estou aqui no dia quinze de novembro tendo uma lembrança de quando era criança, ali pelos meus onze, doze anos que eu aproveitava o dia quinze para levar os convites para a minha festa de aniversário ou no dia vinte ou no primeiro sábado seguinte. Acho uma merda que minha lembrança só resgata fragmentos de memória, nunca algo maior... e a lembrança era eu com minha bicicleta (outra, antes da Eleanor eu tive uma BMX da Monark, ela não teve nome e não sei ao certo que fim levou) descendo pela rua ao lado do colégio indo na casa de algum dos amigos daquela época convidá-los para a festa.


Relembrar isso me pôs a pena à mão sobre quantas pessoas entraram e saíram da minha vida e quantas, apesar dos pesares, das revoluções tecnológicas, permaneceram. Feliz ou infelizmente ninguém daquela época do meu eu criança permaneceu. Tal qual Dom Casmurro minhas amizades atuais são de data recente.


Estou filosofando demais mas não posso cobrir o elefante com um lenço: o blog acaba aqui. Se você ainda lê ou esperava alguma grande virada minhas mais sinceras desculpas. No último ano eu, apesar de ter escrito, não senti nenhuma vontade de postar. Escrevi apenas para uma grande gaveta virtual (a qual preciso fazer o backup) e que, talvez um dia, verão olhos além dos meus.


Não, não vou apagar o blog ou qualquer coisa que o valha. Ele vai ficar aqui como o repositório de meus escritos, um recorte temporal de uma época onde blogs existiam, pessoas postavam neles e outras pessoas liam. Hoje isso não existe mais. Tem alguns avanços tecnológicos que me recuso a ir e um deles é migrar conteúdo para vídeo. Apesar de editar vídeo com certa qualidade eu me recuso a produzir vídeos, usar a minha cara ou qualquer coisa assim. A simples ideia de aparecer em uma tela me assusta. Quase uma fobia.


Termino essa ode sem muita clareza do real objetivo desse texto e do quanto eu tergiversei. Citei Pessoa e Machado de Assis, ponderei citar alguma música mas nenhuma me vem a cabeça agora, nem mesmo as músicas que postei aqui em anos anteriores. Acho que ando mais cansado do que o normal. 


É isso. Talvez no decorrer do ano que se inicia agora eu mude de ideia e volte a postar ou comece a postar em outro lugar... não sei. Eu amo escrever, já escrevi muito mais, mas ainda gosto de ter uma ideia, fechar os olhos e deixar a mente guiar meus dedos pelo teclado enquanto o texto surge quase como mágica e, depois de alguns minutos, chego a estar com dor nos pulsos, os dedos amortecidos e um cansaço recompensador por ter feito algo realmente bom.


Muitos talvezes nessa ode. Vou deixar apenas uma certeza: mais uma ficha na máquina foi inserida. Vamos ver onde essa "vida" vai me levar. Dessa vez sem esperanças, apenas curtindo a paisagem e tentando não pular as cutscenes e os níveis de tutorial.


Vou encerrar a transmissão dessas palavras agora. 


Cuidem-se. 


Bebam água.

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