terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Álibi e2s2: Fúria

O bom de agir assim, pensava Sophia, era que podia repetir a mesma história em cada cidade que fosse. Só precisaria mudar o nome no começo da conversa. Novamente, durante a carona, ela perguntou algum hotel barato. Disse que havia sido assaltada, que era de um grande jornal de circulação nacional e por isso pagaria na hora de sair. Não que estivesse sem dinheiro. Longe disso. Apenas sabia que poupar era essencial. Ao sentar na cama não-tão-macia-quanto-gostaria a moça resolveu checar o email. Dois spams e a resposta de Sérgio. Não era sem tempo, ela pensou clicando. 

Segundos após ler o sangue subiu. Se notebooks tem santo protetor ele acabará de salvar o aparelho de Sophia, tamanha a fúria que tomou conta dela. O primeiro alvo foi a televisão do quarto que recebeu um chute violento. Em seguida, tentando se acalmar, ela caminhou até o banheiro para lavar o rosto e se acalmar. Em vão. Nem se a água viesse diretamente de um glaciar acalmaria Sophia nesse estado. Olhou-se no espelho e, sentindo mais raiva do que jamais tinha sentido o espelho estilhaçou-se frente ao soco dela.

Um banho de dez minutos em água fria - com roupa e tudo - fez ela se acalmar. Um pequeno fio de sangue brotou entre seus dedos anelar e pai-de-todos. Tinha de responder o email a altura. Mas primeiro os negócios. Tinha um espelho quebrado no quarto e a televisão seguramente estava quebrada. Por sorte havia confeccionado diversas identidades falsas entre o ano novo e a primeira missão. Recolheu suas coisas rapidamente e saiu pelos fundos do hotel. Não precisaria parar. Sabia as rotinas do alvo de cabeça. Era só esperar anoitecer e ele entrar em horário de serviço. Tinha a vantagem de agir na terça feira de carnaval e todo o policiamento estar distante da universidade de Uberlândia cobrindo os festejos. Sentada à praça passou o tempo relendo o email e esboçando uma resposta. 

Depois de muito pensar decidiu que responderia com a ação de hoje.Enfim a noite caiu e o alvo foi avistado. Com sua mochila em mãos e uma folha de papel se dirigiu ao segurança. Semanas antes arquitetará o plano de se passar por aluna do interior que tinha chego na cidade grande e iria ficar nos alojamentos que a universidade fornecia. Claro que até o mais idiota dos idiotas sabe que calouros só tem acesso aos quartos em dias em que a secretaria acadêmica está aberta. E agora não era a hora que estaria. 

Depois de não mais de cinco minutos de diálogo o alvo ofereceu seus aposentos para a pobre jovem ficar, claro que ele queria algo em troca. Sophia, dentro do papel de ingênua, topou. Foi aí que um movimento rápido se fez e a moça tirou do coldre do segurança sua arma e lhe deu dois tiros na nuca. O homem caiu sem vida. Sacando da bolsa o celular tirou uma foto. Agora tinha a resposta perfeita para o email de Sérgio. Sorriu de canto saindo dali. No corredor haviam câmeras, logo saberiam que havia sido a mesma moça que atuou em São Paulo e que agora mais unidade policiais iriam atrás dela país afora.

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